Fortalecimento da Democracia 2023 – ∞

2023

O ano dos 100 anos do Sindicato e do fortalecimento da democracia

É significativo que os 100 anos do Sindicato sejam comemorados em 2023. A entidade que completa um século pautou toda sua existência pela luta democrática, por um Brasil soberano, com justiça social. Tudo que esteve sob grave ameaça desde o golpe de 2016, iniciado em 2013 após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. E tudo que está sendo retomado, passo a passo, após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enfim, muita razão para comemorar. E assim foi feito! No dia 16 de abril, quando o Sindicato completou seus 100 anos, uma bela solenidade celebrou esse século de lutas e conquistas com a participação de personalidades históricas da categoria bancária e lideranças políticas e sociais.

Os 100 anos do nosso Sindicato também renderam, ainda em abril, homenagem na Assembleia Legislativa , por iniciativa do deputado estadual e ex-presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino. E no plenário da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, em novembro, por iniciativa das deputadas Juliana Cardoso (PT-SP) e Erika Kokay (PT-DF). Além disso, os trabalhadores comemoraram numa festa linda na Quadra dos Bancários.

Foram lançadas, ainda, duas web séries. Uma sobre as personalidades que dedicaram sua vida à luta pelos trabalhadores: em cada episódio de O Sindicato é Feito de Pessoas, um dirigente conta sobre sua carreira, sua trajetória no movimento sindical.

A outra web série relembra fatos marcantes da história ao longo desses 100 anos de luta e resistência. É a História em Pílulas relatando lutas que viraram conquistas e de como foi construída a exemplar Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários. Você pode conferir no canal do Sindicato no Youtube.

Em setembro, fruto da Campanha Nacional Unificada com validade de dois anos, os bancários receberam aumento real nos salários e demais verbas. O reajuste da categoria bancária foi de 4,58%. O índice correspondeu à inflação medida pelo INPC mais 0,5% de ganho real.

Nova diretoria

No ano em que comemorou um século de existência, novamente os bancários deram um show de participação na eleição da nova diretoria do Sindicato, em abril. E elegeram a terceira mulher a presidir a entidade. Escolhida pelo voto de 94,19% dos eleitores da categoria, Neiva Ribeiro, bancária do Bradesco, foi escolhida para presidir a entidade até 2027. Secretária-geral do Sindicato entre julho de 2017 e julho 2023, Neiva ocupa também a presidência da Associação 28 de Agosto, é vice-presidenta da UNI América Mulheres e integra o Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union.

O Brasil voltando
Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto

Logo de cara, ainda em janeiro, o presidente Lula anunciou a correção da tabela do imposto de renda (IR) e a retomada da política de valorização do salário mínimo, gestada por esse Sindicato e outras entidades de trabalhadores em 2004 e transformada em lei em 2007, no primeiro governo do líder petista.

Nós do Sindicato estávamos lá no Palácio do Planalto, em Brasília, juntamente com mais 600 sindicalistas representantes de dez centrais sindicais. Durante o evento, o presidente Lula anunciou ainda a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. E também a criação de grupos de discussão para tratar dessa retomada da política permanente de valorização do salário mínimo, da valorização da negociação coletiva e dos sindicatos; e da regulamentação para trabalhadores de plataforma de aplicativos.

As bancárias Juvandia Moreira (presidenta da Contraf-CUT) e Ivone Silva (presidenta do nosso Sindicato entre julho de 2017 e julho de 2023), que coordenaram o Comando Nacional e conduziram a categoria na última década, fazem parte hoje do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS). Essa instância de debate democrático havia sido extinta durante a gestão do então presidente Jair Bolsonaro (2018-2022), evidenciando seu desprezo pela participação social.

O 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, foi comemorado em todo o país. Em São Paulo, a festa foi no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, onde o presidente Lula foi recebido pelas centrais sindicais. E se comprometeu novamente com o fortalecimento das negociações coletivas, mais empregos e renda, fim dos juros extorsivos e a retomada da política de valorização do salário mínimo.

Representatividade

Também em maio deste ano, Lula remeteu ao Congresso Nacional o projeto de lei 1085/23 que institui medidas para garantir igualdade de remuneração entre mulheres e homens na realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função. Esse também um debate antigo na categoria bancária e entre as mulheres que compõem a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Logo nos primeiros dias de governo, as bancárias Maria Rita Serrano e Tarciana Medeiros são anunciadas para presidir, respectivamente, a Caixa e o Banco do Brasil.

Rita Serrano representou os funcionários da Caixa no Conselho de Administração do banco desde 2014, ou seja, durante todo esse período de resistência. Foi coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas desde 2015 e presidenta do Sindicato dos Bancários do ABC entre 2006 e 2012. Foi presidenta da instituição pública até 25 de outubro, responsável por algumas das principais ações de fortalecimento da empresa e do seu papel social.

Tarciana Medeiros, natural da cidade de Campina Grande (PB), passou por diversos cargos nos seus 23 anos de Banco do Brasil. Atuou como gerente executiva na empresa pública, função em que era responsável pela execução das estratégias de relacionamento com os clientes.

Tarciana Medeiros assumiu o comando do Banco do Brasil
Tarciana Medeiros assumiu o comando do Banco do Brasil

O bancário João Fukunaga assumiu a presidência da Previ (o fundo de previdência dos empregados do BB). Funcionário do Banco do Brasil desde 2008 e dirigente do nosso Sindicato desde 2012, foi responsável pela coordenação da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil desde 2018.

Além dele, o ex-diretor do Sindicato José Ricardo Sasseron (entre 1994 e 2003), bancário de carreira do BB desde 1980, assumiu a Vice-Presidência de Governo e Sustentabilidade Empresarial do banco, no início de 2023. 

Em agosto, os bancários participaram do 16º Congresso Estadual da CUT, o Cecut, na Praia Grande. Raimundo Suzart foi eleito o novo presidente da CUT-SP e Ivone Silva como vice-presidenta.

Os bancários também participaram, em outubro, do Congresso Nacional da CUT. O 14º Concut marcou os 40 anos da maior central sindical brasileira, debateu ações e um plano de lutas. Além disso, foram reeleitos Sérgio Nobre, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, como presidente da Central, e Juvandia Moreira, da Contraf-CUT, vice-presidenta, para o quadriênio 2023-2027.

Sindicato Cidadão

Em fevereiro, o Sindicato, ao lado das centrais sindicais, iniciou uma luta pela redução da taxa de juros, a Selic que naquela época estava a 13,75%. Teve protesto na Avenida Paulista, em frente ao Banco Central e também nas redes sociais.

A famosa avenida também deu lugar, no 8 de março, ao protesto das bancárias, trabalhadoras de outras categorias e movimentos sociais com o tema Mulheres na Luta por Democracia e Direitos. Entre as principais bandeiras de luta: Chega de Violência; Salários Iguais; Contra o Assédio no Mundo do Trabalho; Empregos Decentes; Não ao Machismo; Respeito à Diversidade; Fim da Fome; Basta de Racismo; Sem Anistia para Golpistas.

A Quadra dos Bancários foi espaço, em setembro, para o lançamento do plebiscito popular contra as privatizações do Metrô, CPTM e Sabesp. O espaço tradicional de eventos históricos para a classe trabalhadora, ficou lotado com a participação dos movimentos sociais e sindicais. A manifestação foi encabeçada pelos sindicatos Metroviários, do pessoal da Sabesp (Sintaema), dos Ferroviários e da Central do Brasil, com apoio do Sindicato e da CUT-SP. O plebiscito contra as privatizações da Sabesp, Metrô e CPTM foi realizado e a esmagadora maioria manifestou sua contrariedade ao desmonte do patrimônio público paulista imposto pelo governador Tarcísio de Freitas. Os movimentos querem a realização de um plebiscito oficial, em todo o estado, para que a população possa decidir sobre esse tema.

Ato contra a privatização da Sabesp em frente ao prédio da Bolsa de Valores

O Sindicato, a CUT-SP e o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT) conseguiram, em novembro, uma liminar que suspendia a audiência sobre a privatização da Sabesp, convocada às pressas na Alesp, em pleno feriado. O processo de privatização, no entanto, seguiu. E a mobilização continua também contra a venda de outros patrimônios paulistas como a CPTM e o Metrô de São Paulo.

Em dezembro, o Sindicato se organizou para fazer as doações da campanha de Natal do Bancário Solidário. Foram arrecadadas cestas e produtos alimentícios destinados a famílias em situação de vulnerabilidade social. As ações de campanha do Bancário Solidário seguirão em 2024.

Saúde Caixa

Em novembro, o Sindicato participou junto com a representação dos empregados da Caixa Econômica Federal – formada pelo Comando Nacional dos Bancários e a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) –, da discussão de soluções para o Saúde Caixa, o plano de saúde das empregadas e empregados.

As negociações tiveram início em junho. Em novembro ocorreram mais três rodadas de negociação com a participação da coordenação do Comando. Depois de esgotadas as possibilidades, sindicatos do Brasil todo prepararam suas assembleias para apreciação e aprovação da proposta.

E agora nesse mês de dezembro, realizamos uma assembleia híbrida/virtual, na qual os empregados da Caixa, da ativa e aposentados, da base do Sindicato, aprovaram com 51,5% dos votos válidos o acordo coletivo de trabalho específico sobre o Saúde Caixa.

Internacional
Conferência Mundial da UNI Global Union
Neiva Ribeiro reeleita vice-presidenta da UNI Finanças para as Américas

Em agosto, os bancários formaram uma delegação para a Conferência Mundial da UNI Global Union, sindicato global, para os trabalhadores do ramo financeiro. O evento ocorreu na Filadélfia e debateu questões que afligem trabalhadores do setor em âmbito mundial. Dentre elas, formas de regular a digitalização do trabalho; a inteligência artificial; algoritmos; a regulamentação do trabalho em plataformas digitais; como criar uma regulação para os ganhos da tecnologia.

A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, foi reeleita vice-presidenta da UNI Finanças para as Américas. E uma homenagem especial foi feita à dirigente sindical Rita Berlofa por todo o trabalho, dedicação, competência e paixão com que presidiu a UNI Finanças durante dois mandatos (2015-2018 e 2019-2022).

Projeto Basta! preserva a vida de centenas de mulheres

Criado em 2019, o projeto Basta! Não irão nos Calar alcançou em 2023, ano do centenário do Sindicato, a marca de 400 mulheres atendidas. Trabalhadoras que buscaram, via Sindicato, suporte, acolhimento e atendimento jurídico gratuito contra a violência doméstica e de gênero. Desse total, 385 vítimas conseguiram medidas protetivas tendo suas vidas preservadas.
Além de se tornar referência para a ampliação do serviço a dezenas de sindicatos pelo Brasil, via Contraf-CUT, o projeto também chegou a Brasília. A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, esteve no Ministério das Mulheres, em março, onde falou sobre o programa. O encontro reuniu dirigentes sindicais e a equipe da Secretaria de Autonomia Econômica e Política de Cuidados. Em debate, pautas de equidade de gênero do governo federal, igualdade de oportunidades e combate à violência de gênero realizadas nas mesas de negociação dos bancários.
O projeto Basta! atua no sentido de assegurar medidas de apoio às denunciantes contra possíveis agressores, buscando a devida apuração e punição, seja na esfera corporativa, na esfera civil ou penal, via atendimento jurídico gratuito oferecido pelo Sindicato.
Além das mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero, o projeto oferece atendimento jurídico gratuito e especializado para negros e negras em situação de discriminação racial. E para pessoas LGBTQIA+ vítimas de discriminação motivada pela orientação sexual ou identidade de gênero.
O agendamento para atendimento pelo projeto Basta! Não vão nos calar! é realizado via WhatsApp, por meio do número (11) 97325-7975. A vítima de violência será atendida em poucos minutos por uma advogada.

Luta contra terceirizações no Santander

O Santander continuou, em 2023, insistindo na prática iniciada em 2021: transferir trabalhadores para outras empresas de seu conglomerado, mas retirando deles os direitos de bancários. Escorado pela reforma trabalhista pós-golpe, de Michel Temer, que legalizou a terceirização irrestrita, o banco espanhol transferiu empregados para empresas como STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera, e SX Tools. Cada uma vinculada a um sindicato diferente.
Desde então, o movimento sindical bancário denuncia e realiza protestos contra esse processo que rebaixa salários, retira direitos e enfraquece a organização dos trabalhadores. Cerca de 9 mil trabalhadores deixaram de ser bancários dentro do Grupo Santander do Brasil nesses quase dois anos. Algumas dessas terceirizações já vêm sendo revertidas pela Justiça.
Por meio de assembleias realizadas em todo o Brasil, no mês de setembro, a imensa maioria dos trabalhadores expressou sua reprovação a essa terceirização promovida pelo Santander. Os bancários manifestaram também seu desejo de serem representados pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de São Paulo, Osasco e Região, e não por outros sindicatos. No recorte da nossa base, 98,16% dos trabalhadores que participaram da assembleia se disseram contra a terceirização; e 98,56% afirmaram que querem que nosso Sindicato continue a ser a sua entidade de representação sindical.
O Santander e outras 43 empresas ainda podem ser condenados em R$ 100 milhões, em ação judicial movida pelo Ministério Público do Trabalho, por intermediação fraudulenta da mão de obra.

Luta perene contra demissões

Se tem uma luta que nunca tem fim no Sindicato é aquela empreendida contra as demissões nos bancos. Entra ano, sai ano e eles não mudam. Mesmo estando há décadas entre os setores que mais lucram no Brasil, os bancos seguem demitindo. E isso mesmo quando a economia indica sinais de recuperação e crescimento, como em 2023. Entre janeiro e setembro foram extintos mais de 5,6 mil postos de trabalho pelos bancos. Em outubro de 2023 (esses são os dados mais recentes disponibilizados pela Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged), uma trégua diante dessa postura que já marcava quase um ano de corte de vagas: a abertura de 2.965 postos de trabalho.
O Sindicato, então, mantém essa luta firme, diária e constante contra as demissões nos bancos. Em 2023, Santander, Itaú e outros bancos menores foram pressionados pelos trabalhadores para estancar o corte de vagas. Pan, BNP, Daycoval, Grupo Alfa, PicPay Original, Carrefour e C6: todos foram alvos de protestos realizados pelo Sindicato, exigindo o fim das demissões e respeito aos direitos dos trabalhadores.
São ações importantes para denunciar à sociedade a maneira como os bancos tratam seus empregados, apesar das altas taxas cobradas dos clientes. E para esclarecer a verdadeira imagem dessas instituições financeiras, por trás das suas bonitas e enganosas propagandas.

2024

Sindicato completou 101 anos com ainda mais força na luta em defesa da categoria

Entre as categorias mais organizadas do Brasil, bancários lutam por salários, condições de trabalho e também em defesa da democracia e dos direitos da cidadania para todos (Crédito: Seeb-SP/Cedoc)
Entre as categorias mais organizadas do Brasil, bancários lutam por salários, condições de trabalho e também em defesa da democracia e dos direitos da cidadania para todos (Crédito: Seeb-SP/Cedoc)

A categoria bancária nunca teve vida fácil. Mas também nunca desiste da luta. Quem mergulha na história relatada nesse espaço, confere que todas as conquistas garantidas nesses mais de 100 anos de história, vieram da garra, do conhecimento sobre o mundo do trabalho e da força da parceria entre Sindicato e trabalhadores. Em 2024 não foi diferente. Os bancários, mobilizados, conseguiram avançar e ver sua Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) somar novas cláusulas, mais uma vez mantendo sua posição de vanguarda na defesa dos direitos, da igualdade e da valorização da categoria. “Seguimos na luta por um sistema financeiro que respeite quem trabalha e contribua para um Brasil mais justo e democrático”, ressalta a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro.  

Durante todo o ano o Sindicato manteve foco na sua organização em defesa do emprego e contra a precarização das relações de trabalho que o setor financeiro teima em tentar impor à categoria. “Denunciamos, ao lado dos trabalhadores, o aumento das demissões e enfrentamos a lógica de um sistema que, ao mesmo tempo em que reduz postos de trabalho nos bancos tradicionais, amplia a contratação precária em cooperativas, fintechs e empresas terceirizadas”, critica a dirigente. “Essa é uma luta antiga e trabalhamos, todos os dias, para ampliar a representação do ramo financeiro, combatendo a tentativa de flexibilização dos contratos e a fragmentação da representação sindical”, diz Neiva, lembrando a mobilização pelo fim das demissões em instituições como Daycoval, C6 Bank, Pan, Banrisul, Crefisa, entre outros.  

A defesa dos empregos bancários, diante da ganância dos bancos, é uma constante na luta dos bancários (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
A defesa dos empregos bancários, diante da ganância dos bancos, é uma constante na luta dos bancários (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Paralelamente, a categoria atuou firmemente contra a alta dos juros que continua impactando negativamente a economia, com efeitos nocivos sobre o emprego, a renda e o crédito para a população.  

Em parceria com o Ministério do Trabalho e o Ministério das Mulheres, o Sindicato participou da construção do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, realizado com base em informações de 49.587 empresas — totalizando 17,7 milhões de trabalhadores. Os dados comprovaram a desigualdade denunciada pelo movimento sindical há anos: nas matrizes dos cinco maiores bancos no Brasil (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), as mulheres ainda recebem menos – em média, 87,8% do salário dos homens. Em cargos de liderança, essa diferença é ainda maior: as mulheres recebem apenas 79% da remuneração média dos homens. “São informações importantes para fortalecer nossa luta e seguirmos cobrando medidas concretas das empresas para avançar na equidade”, destaca Neiva. 

Em abril, os resultados da pesquisa Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Contraf-CUT em parceria com a UnB, revelaram que 80% dos bancários enfrentaram problemas de saúde relacionados ao trabalho em 2023, com destaque para questões de saúde mental. O estudo foi apresentado à Fenaban como subsídio para embasar ações de prevenção e melhorias nas condições de trabalho. 

O Sindicato denuncia e combate a pressão por vendas, as metas abusivas e o assédio moral que destroem a saúde dos bancários (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
O Sindicato denuncia e combate a pressão por vendas, as metas abusivas e o assédio moral que destroem a saúde dos bancários (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

O Seminário Saúde Mental e Trabalho Bancário, realizado em março pelo Sindicato, em parceria com a Fetec-CUT/SP, reforçou o diagnóstico: o ambiente de trabalho no setor bancário é marcado por assédio moral institucionalizado, metas abusivas, pressão constante e incentivo ao individualismo. Tudo isso tem levado a categoria a ser uma das que mais adoece psiquicamente no país. Assim, é constante a luta do Sindicato em defesa dos trabalhadores adoecidos. Ao longo de 2024, dezenas de demissões injustas foram revertidas e os bancários reintegrados aos seus postos, garantindo o direito à estabilidade de um ano prevista em lei e permitindo que realizem seus tratamentos com mais segurança e tranquilidade.   

 

Bancários e os rumos do Brasil  

Outro destaque da atuação sindical em 2024 foi a defesa da redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais, sem redução de salários, com base no Projeto de Lei 1105/2023. A ampliação desse debate junto à categoria e à sociedade é fundamental na defesa de um novo modelo de organização do trabalho que priorize a saúde, o bem-estar e a produtividade dos trabalhadores 

Em 2024, o Sindicato reafirmou sua relevância ao integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o Conselhão, por meio da presidenta Neiva Ribeiro, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. O Conselhão, importante espaço de diálogo com o governo federal, reúne cerca de 250 representantes de diversos setores da sociedade. São lideranças de movimentos sociais e sindicais, representantes de povos originários, empresários, artistas, influenciadores digitais, médicos, professores, economistas. Ou seja, uma ampla representação da sociedade brasileira promovendo um grande debate sobre os rumos do país. Voltou a funcionar na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ter sido extinto por Jair Bolsonaro (PL). Neiva foi convidada a compor o Conselhão, representando os interesses da categoria bancária e da classe trabalhadora no cenário nacional. “Essa participação do Sindicato nesse espaço estratégico é fundamental para o fortalecimento da luta por emprego decente, igualdade, justiça social e desenvolvimento com inclusão”, salienta Neiva. “Assim, seguimos ampliando também o alcance da agenda sindical nos debates sobre o futuro do Brasil.”  

A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, é representante dos bancários no Conselhão da Presidência da República (Crédito: Antonio Cruz - Agência Brasil)
A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, é representante dos bancários no Conselhão da Presidência da República (Crédito: Antonio Cruz - Agência Brasil)

O Dia Internacional dos Trabalhadores, em 2024, foi marcado por diversas manifestações em todo o país. A CUT e as demais centrais sindicais (CSB, CTB, UGT, Força Sindical, NCST, Intersindical e Pública), realizaram atos unificados por todo o país com o mote Por um Brasil Mais Justo. Em São Paulo, o ato ocorreu no estacionamento da Neo Química Arena, estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista. O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região esteve presente ao lado de inúmeras outras entidades representativas de diversas categorias, além de lideranças sociais e políticas.  

 

Campanha Nacional 2024  

A Campanha Nacional Unificada 2024 foi considerada uma das mais desafiadoras dos últimos anos. Os bancos apostaram mais uma vez no retrocesso dos direitos dos trabalhadores. E o movimento sindical na força da sua organização e parceria centenária com os bancários. Foram longas rodadas de negociação, discutindo ponto a ponto a pauta de reivindicações definida a partir da consulta feita à categoria e dos debates realizados nas conferências estadual e nacional.  

 

Bancários nas ruas anunciam o lançamento da Campanha Nacional Unificada, em junho de 2024 (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Bancários nas ruas anunciam o lançamento da Campanha Nacional Unificada, em junho de 2024 (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Diante da postura adotada pelas instituições financeiras, estabelecer ganhos para a categoria não foi tarefa fácil. Após 13 rodadas de negociação, os trabalhadores garantiram a incorporação de novas e importantes cláusulas à CCT. Mais uma vez referência nos acordos trabalhistas, como quando garantiu em Convenção o combate ao assédio moral e sexual, em 2024 os bancários avançaram rumo à isonomia salarial entre homens e mulheres, assim como na promoção do acesso e da permanência de pessoas LGBTQIA+ nos bancos. “Convencionar cláusulas como essas representa um reconhecimento à realidade da categoria e, assim, ter ambientes de trabalho mais saudáveis e justos”, avalia Neiva.  

Já em relação aos ganhos financeiros, o reajuste recebido pelos empregados de bancos em todo o Brasil foi de 4,64% para salários e demais verbas (como VA e VR, PLR, auxílio-creche e outras cláusulas econômicas). Isso representou 0,72% de aumento real, sobre uma inflação projetada de 3,89%. Para 2025, o acordo com validade de dois anos estabeleceu aumento real, em 1º de setembro, de 0,6% sobre salários e demais verbas. Assim como a antecipação reajustada da PLR para setembro e a 13ª cesta-alimentação para outubro.  

“Nossa união fez com que os bancos recuassem e conseguíssemos um acordo com ganhos reais e com proposta de avanços para dez novas cláusulas”, reforça a presidenta do Sindicato. “Esses avanços se somam às mais de 140 cláusulas da nossa CCT, das quais 85% preveem direitos acima dos determinados pelas leis trabalhistas”, destaca a dirigente, mencionando dentre as novas conquistas sociais o abono de ausência para conserto ou reparo de próteses aos trabalhadores com deficiência; iniciativas de requalificação para que os trabalhadores se adaptem às mudanças tecnológicas, com ênfase às mulheres; e a realização do novo Censo da Diversidade.   

Assinatura da CCT 2024/2026: mobilização e organização dos bancários e suas entidades representativas garantiu reajuste salarial e novas conquistas (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)
Assinatura da CCT 2024/2026: mobilização e organização dos bancários e suas entidades representativas garantiu reajuste salarial e novas conquistas (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)

No movimento sindical existe uma máxima que diz: quando os trabalhadores ganham, toda a sociedade ganha. E os números comprovam. O reajuste salarial de 4,64% conquistado pelos trabalhadores da categoria bancária na Campanha 2024 representou acréscimo anual de cerca de R$ 2,95 bilhões à economia brasileira. A massa salarial anual da categoria somou R$ 66,5 bilhões. Em âmbito nacional, a PLR conquistada injetou por volta de R$ 9,2 bilhões ao mercado até março de 2025. Além disso, somente o reajuste dos auxílios alimentação e refeição da categoria bancária representou impacto adicional de R$ 474,5 milhões à economia brasileira no período de um ano. O valor total recebido com os auxílios alimentação e refeição soma R$ 10,7 bilhões anuais circulando pelo mercado nacional. Somados reajustes nos salários, nos vales e a totalidade da PLR dos bancários, o impacto econômico da Campanha 2024 foi de cerca de R$ 12,7 bilhões.   

 

Financiários – Também foi fechado um acordo com validade de dois anos que mantém todos os direitos previstos na CCT dos financiários. Em 2024, o reajuste salarial foi de 4% para salários, verbas e benefícios. Em junho de 2025, a categoria receberá reajuste salarial com reposição total da inflação mais 0,3% de aumento real. A data-base dos financiários foi alterada para outubro de 2025. Assim, haverá também aplicação do mesmo reajuste também para o período de junho a setembro de 2025.  

Financiários também assinaram acordo de dois anos garantindo aumento salarial para 2024 e 2025 (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)
Financiários também assinaram acordo de dois anos garantindo aumento salarial para 2024 e 2025 (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)

Banco do Brasil – Os bancários do BB garantiram, na Campanha 2024, a renovação do seu acordo coletivo de trabalho que assegurou todas as conquistas anteriores e ainda avançou em novos direitos, como a elevação do teto da PLR para quem ganha até sete salários; criação de 4 mil vagas para novas funções; criação de 2,7 mil vagas para função de especialista; e a criação de 500 vagas de gerentes de relacionamentos na rede de negócios. Também foi conquistado o aumento do valor de referência do cargo de assistente, tanto nas áreas de negócios como nas unidades operacionais e a ampliação do número de faixas na tabela de pontuação por mérito, permitindo maior variação de pontos e possibilitando que os funcionários mudem de faixa mais rapidamente. Com a implementação, 50% dos funcionários foram beneficiados imediatamente. Atendendo a uma reivindicação do Sindicato, o banco anunciou um programa de expansão da rede de Gestão de Pessoas (Gepes), como é chamado o RH do banco. Mulheres, negros (pretos e pardos), indígenas e PCDs terão prioridade para ocupar as 74 vagas abertas. Além de outras 52 contratações para a Central de Relacionamento do Banco do Brasil (CRBB), em São Paulo, onde também foi anunciada a implementação do projeto-piloto de TRI (Trabalho Remoto Institucional). 

Além dos ganhos salariais, acordo assinado com o BB garantiu novos direitos como a elevação do teto da PLR (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)
Além dos ganhos salariais, acordo assinado com o BB garantiu novos direitos como a elevação do teto da PLR (Crédito: Willy Roberto/Cedoc)

A diretora executiva do Sindicato Ana Beatriz Garbelini foi eleita titular para o Conselho Deliberativo da Cassi, no âmbito da eleição da caixa de assistência dos funcionários do BB. O pleito renovou a Diretoria de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes, o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. As chapas 6 e 33, apoiadas pelo Sindicato, foram eleitas. E após 13 anos de suspensão e muita luta do Sindicato e demais entidades representativas, o Banco do Brasil voltou a repassar para a Cassi, as contribuições patronais sobre as chamadas “reclamatórias trabalhistas”.  

Já na Previ, uma antiga reivindicação foi conquistada pelos trabalhadores ao lado do Sindicato: o BB aprovou alterações na tabela da Pontuação Individual do Participante (PIP). Assim, associados ao plano Previ Futuro, poderão somar mais recursos para a aposentadoria, com o Banco do Brasil acompanhando essas contribuições. E também apoiada pelo Sindicato, a Chapa Previ para os Associados venceu a eleição que definiu os ocupantes para o Conselho Diretor, Conselho Fiscal e Diretoria de Seguridade da Previ. Juliana Carminato, dirigente do Sindicato, foi eleita conselheira consultiva para o plano de benefícios Previ Futuro.  

Representado pela Comissão de Empregados do BB (CEBB), o Sindicato reuniu-se com o banco, em fevereiro, para tratar da isonomia de direitos aos egressos da Nossa Caixa, sobretudo Cassi e Previ para todos. Os candidatos apoiados pelo Sindicato foram eleitos para os conselhos deliberativo e fiscal do fundo de pensão Economus. Adriana Ferreira, dirigente do Sindicato, foi eleita como titular para o conselho deliberativo.  

 

Caixa Federal – Os empregados da Caixa também conseguiram a renovação do acordo coletivo de trabalho, assegurando todas as conquistas anteriores e com novos direitos. Pelo quinto ano seguido, a negociação das entidades representativas construiu proposta para o pagamento do primeiro delta de promoção por mérito de forma linear para todos os trabalhadores elegíveis.  

Acordo assinado com a Caixa garantiu aumentos nos salários e verbas e conquistas na promoção por mérito (Crédito: Willy Roberto /Cedoc)
Acordo assinado com a Caixa garantiu aumentos nos salários e verbas e conquistas na promoção por mérito (Crédito: Willy Roberto /Cedoc)

Após reinvindicação do Sindicato, em rodada de negociação realizada com a direção do banco em fevereiro, a Caixa assumiu compromisso de realizar a movimentação dos empregados antes de novas contratações e que a comprovação da condição de PCD seja feita por meio de documentação, e não mais pela junta médica do banco.  

Apoiada pelo Sindicato, a bancária Fabiana Uehara foi eleita em 14 de março para o Conselho de Administração (CA) da Caixa. 

Por meio da Contraf-CUT e da Fenae, o Sindicato iniciou em abril de 2024 uma batalha legal contra a decisão do Conselho de Administração da Caixa de transferir a operação das loterias para uma subsidiária.  

Diante do anúncio do fechamento de 128 agências, o Sindicato e demais entidades representativas cobraram da Caixa a manutenção das funções dos empregados envolvidos na reestruturação. E a unidade da Praça do Forró, em São Miguel Paulista, extremo leste de São Paulo, foi salva graças à união entre trabalhadores e usuários. Abaixo-assinado com milhares de adesões, além de protesto no local, garantiram que a agência que seria transformada em unidade digital permaneça aberta e em pleno atendimento ao público.  

A garantia dos direitos dos caixas e tesoureiros foi tema central a partir do segundo semestre de 2024. O Sindicato realizou em outubro duas plenárias e aplicou pesquisa com os caixas e tesoureiros para ouvir suas opiniões, dúvidas e sugestões. O levantamento forneceu dados que permitiram avaliar se as 750 nomeações serão suficientes para suprir o atual modelo.  

A mobilização dos trabalhadores no Congresso Nacional, ao lado do Sindicato, da Contraf-CUT, da Fenae, da CUT e de outras entidades representativas, também foi fundamental para manter a isenção tributária para planos de autogestão em saúde, como o Saúde Caixa. 

Movimento sindical em luta permanente também pelos direitos dos bancários no Saúde Caixa (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Movimento sindical em luta permanente também pelos direitos dos bancários no Saúde Caixa (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Bradesco – Além da Campanha 2024, o ano dos bancários do Bradesco foi marcado pela luta contra o fechamento de agências; pela campanha em defesa dos empregos; pelo combate ao assédio moral nas agências e departamentos.  

Outra luta antiga do Sindicato garantiu que o Bradesco voltasse a respeitar o feriado municipal de Osasco, em 19 de fevereiro de 2024, data em que o aniversário da cidade é comemorado. Foram 11 anos de cobranças, paralisações, protestos e até mesmo ações judiciais. Em 2021, o banco cuja sede fica em Osasco finalmente atendeu à reivindicação dos trabalhadores e respeitou o feriado. Em 2022 e 2023 a data caiu em finais de semana.  

Em reunião realizada em março entre Sindicato e representantes do Bradesco foram debatidas a reestruturação anunciada pelo presidente do banco no início de fevereiro; a contratação direta de cerca de três mil bancários para a área de TI; além da criação do segmento Alta Renda Afluente, que terá atendimento com menor número de clientes por carteira. A reunião foi considerada de extrema importância diante do cenário atual. O Sindicato deixou claro ao banco que, diante das mudanças anunciadas, são prioridades a defesa dos empregos e dos direitos, e a valorização dos bancários.  

 

Protestos contra o fechamento de agências e em defesa dos empregos no Bradesco (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Protestos contra o fechamento de agências e em defesa dos empregos no Bradesco (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Como uma das respostas a essa reestruturação anunciada pela instituição financeira, o Sindicato realizou, em abril, atividade lúdica circense, com distribuição de Folha Bancária especial direcionada aos trabalhadores do Bradesco, na Cidade de Deus, na Campanha em Defesa dos Empregos no Bradesco. Nas semanas seguintes, a campanha percorreu locais de trabalho como Nova Central, avenidas Paulista e Faria Lima, núcleo Vila Leopoldina, além de agências nas zonas leste, norte, e sul.  

Dentre outras inúmeras atividades de protesto pelos empregos, contra o assédio moral no banco e por melhores condições de trabalho, o Sindicato conseguiu também garantir a reintegração de uma bancária demitida grávida pelo Bradesco.  

 

Itaú – O ano de 2024 no Itaú foi marcado pela campanha feita pelo Sindicato em defesa dos empregos ameaçados pela terceirização terceirização da Central PJ do Itaú, lotada no Centro Tecnológico (CT). Os 89 bancários viram seus empregos em risco. O banco deu prazo de dois meses para procurarem uma nova vaga, passar pelo processo seletivo e conseguirem permanecer no banco. Em protesto, o Sindicato lançou, em abril, a campanha O Futuro Não Pode Ser Terceirizado, com paralisação do CT no dia 30. Como resultado, o Itaú anunciou a prorrogação do prazo para a realocação dos trabalhadores.  

Dando continuidade à mesma campanha, o Sindicato lançou em maio um vídeo que faz referência à publicidade do Itaú estrelada pela cantora Madonna, que teve seu show realizado naquele mês, em Copacabana, no Rio de Janeiro, patrocinado pelo banco.  

Merece destaque também o desfecho da ação de periculosidade do ITM. Em junho de 2024, a Justiça do Trabalho de São Paulo homologou o acordo referente ao processo judicial proposto pelo Sindicato que reconheceu como devido o adicional de periculosidade para os empregados que trabalharam no ITM entre 29 de setembro de 2010 a 31 de dezembro de 2017. Os valores devidos foram pagos pelo sindicato no dia 17 de julho.  

 

Sindicato, mais uma vez, usou de criatividade para denunciar e cobrar solução para as más condições de trabalho no centenário banco Itaú (Crédito: Seeb-SP- Cedoc)
Sindicato, mais uma vez, usou de criatividade para denunciar e cobrar solução para as más condições de trabalho no centenário banco Itaú (Crédito: Seeb-SP- Cedoc)

A campanha Itaú 100 Bancos Diferentes foi realizada nacionalmente em contraposição ao marketing do centenário do banco. A campanha do Sindicato evidenciou as condições de trabalho, que consistem em metas abusivas, assédio moral, demissões e adoecimento.  

A luta dos aposentados pelo plano de saúde no Itaú também foi um marco de 2024. O Sindicato se reuniu no dia 4 de dezembro com o Ministério Público do Trabalho (MPT), com a Fundação Saúde do Itaú e com a Fundação Previdenciária do Itaú para tratar dos valores dos planos, considerados muito altos.  

  

Santander – O ano de 2024 no Santander foi marcado por uma série de mobilizações do Sindicato em defesa do emprego bancário e para denunciar os efeitos de uma reestruturação na rede nacional de agências (multicanalidade). Em janeiro, o banco espanhol havia implementado uma alteração nas métricas e na gestão dos empregados de agências. Entre os principais impactos estão a alteração da nomenclatura dos cargos, seguindo uma lógica de segmentação do atendimento. Outra mudança é que os gerentes passaram a trabalhar fazendo visitas ao invés de ficarem na agência. O Sindicato, por meio da Comissão de Organização dos Empregados, reuniu-se com a direção do banco para cobrar explicações sobre essa multicanalidade. E cobrou respeito às cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).  

Imediatamente após tomar conhecimento de nove demissões na Superintendência UX, na Torre Santander, dirigentes do Sindicato se reuniram com o RH do Santander, no dia 17 de fevereiro, para questionar os desligamentos. O banco se comprometeu a não demitir mais na área, nem mesmo terceirizar. Também confirmou a reposição de sete postos de trabalho.  

Protesto na Torre contra fraude nas contratações que retira direitos dos bancários do Santander (Crédito: Luan Silva -Cedoc)
Protesto na Torre contra fraude nas contratações que retira direitos dos bancários do Santander (Crédito: Luan Silva -Cedoc)

A Torre também foi local de protesto diante da fraude na contratação representada pela transferência de bancários para empresas do seu próprio grupo, com CNPJs diferentes, visando retirá-los da categoria bancária a fim de cortar direitos e reduzir a remuneração. Em março foi a vez de o Radar Santander receber protesto contra a mesma política que se arrasta desde 2021 e segue até hoje. Em março, durante a assembleia mundial dos acionistas do Santander, na Espanha, o Sindicato denunciou à presidenta mundial do banco, Ana Botín, as fraudes de contratação, demissões arbitrárias, ataques ao plano de pensão e aos convênios de saúde, assédio moral e sobrecarga de trabalho. Novas manifestações foram realizadas contra o banco, culminando no dia 8 de abril, quando Botín esteve no Brasil. Os atos contaram com a apresentação de peça teatral, na qual os personagens apresentaram, de forma irreverente, os problemas referentes às fraudes na contratação e a multicanalidade. Graças a toda essa mobilização, o Sindicato obteve melhorias nas condições de trabalho, limitando o número de visitas a quatro por dia, além do fim da pressão para que os gerentes PJ se retirem das agências. Os Gerentes PJ também puderam passar a marcar o ponto no local onde estiverem no início ou no fim da jornada.  

Também em ação movida pelo Sindicato, o TRT de São Paulo concedeu os direitos da categoria bancária a empregado transferido pelo Santander para a empresa F1rst, do mesmo grupo. 

Vale destacar a absurda situação em que o Santander apelou para a Polícia Militar, que agiu com extrema brutalidade e violência, durante protesto pacífico dos bancários para denunciar a terceirização e para cobrar uma proposta decente na mesa com a Fenaban. O caso ocorreu no Radar Santander, durante o Dia Nacional de Luta contra a terceirização, no dia 22 e agosto. 

Tiro no pé: Santander apelou para a violência policial na repressão a ato pacífico dos trabalhadores que protestavam contra terceirização no banco (Crédito: Willy Roberto- Cedoc)
Tiro no pé: Santander apelou para a violência policial na repressão a ato pacífico dos trabalhadores que protestavam contra terceirização no banco (Crédito: Willy Roberto- Cedoc)

Todas essas práticas antissindicais, contratação fraudulenta de mão de obra disfarçada de terceirização, demissões, fechamento de agências e redução de postos de trabalho foram oficialmente denunciados à direção do banco na Espanha por dirigentes sindicais de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Peru, no dia 5 de novembro.  

O Sindicato mantém luta constante para manter o direito à complementação da aposentadoria dos trabalhadores oriundos do Banespa, do Banesprev, assim como manter a qualidade e os direitos previstos no estatuto da assistência médica Cabesp.    

Também continua em tramitação ação civil pública ajuizada pelo Sindicato contra mais uma arbitrariedade do Santander. Bancários oriundos do Sudameris, que contribuíram por 25 anos ou mais para a Fundação Sudameris, não teriam mais direito à gratuidade no plano de saúde. O Ministério Público de São Paulo ingressou com ação que foca na irregularidade da alteração estatutária da Fundação Sudameris, por questionar a legalidade em si de cobrar por um plano historicamente gratuito e conquistou uma liminar que garantiu a gratuidade.  

 

Direitos recuperados  

O ano de 2024 foi de luta também na esfera jurídica para o Sindicato. Nesse período, a entidade orientou diversas ações em defesa dos trabalhadores que se sentiram lesados pelos empregadores, inclusive terceirizados. Destaque para a ação que condenou o Santander por tentativa de fraude trabalhista ao transferir irregularmente um bancário para a empresa F1rst, do mesmo grupo, com o objetivo de retirar os direitos assegurados pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). 

Sobre pedidos e acordos de CCV e CCP:  

 

. CCV-Itaú Unibanco Foram 1.666 acordos, no valor de R$ 123.885.094,27  

 

. CCV-Caixa Auxílio alimentação após aposentadoria 74 acordos, no valor de R$ 5.363.711,81  

 

. CCV-Caixa Reflexos sobre auxílio alimentação Um acordo, no valor de R$ 8.972,73  

 

As homologações realizadas no Sindicato continuam sendo fundamentais na defesa dos direitos dos bancários, quando são feitas conferências detalhadas das verbas rescisórias, do cumprimento das cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho. Em 2024, foram 1.654 homologações.  

 

Igualdade de Oportunidades  

Em 2024, o Sindicato dos Bancários reforçou sua atuação como referência na luta contra todas as formas de discriminação, denunciando casos de racismo, homofobia, violência contra a mulher e capacitismo. Além de promover ações concretas em defesa da igualdade de oportunidades, como no Dia Internacional das Mulheres (8 de Março), quando os bancários foram para as ruas, ao lado de outras categorias, centrais sindicais e movimentos sociais, em defesa da democracia, igualdade salarial, ratificação das convenções 190 e 156 da OIT, e o fim da violência de gênero e do feminicídio. Assim como o Programa Nacional de Iniciativas de Prevenção à Violência contra as Mulheres, lançado pela Contraf-CUT em conjunto com a Fenaban, e incorporado à CCT bancária na cláusula 86. O programa Basta! Não Irão Nos Calar foi incorporado à CCT pelos bancários e Fenaban para combater a violência doméstica e de gênero.  

Sindicato representado no tradicional ato de 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, na Avenida Paulista, em São Paulo (Crédito: Seeb-SP/Cedoc)
Sindicato representado no tradicional ato de 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, na Avenida Paulista, em São Paulo (Crédito: Seeb-SP/Cedoc)

O Sindicato promoveu debates sobre autismo e neurodivergência, participou da 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da 139ª Reunião do Conade, defendendo a ampliação da inclusão nas políticas públicas e nos locais de trabalho.  

Na luta perene contra o racismo, o Sindicato realizou em 2024 a feira Negritude Faz Arte, além da produção de edições especiais do podcast Sindipod e lançamento da cartilha Desconstruindo o Racismo, com distribuição nas agências e disponível online. Também a participação e apoio à 21ª Marcha da Consciência Negra, realizada em 20 de novembro de 2024 sob o lema: Palmares de pé, racismo no chão. Zumbi e Dandara vivem em nós!  

No Dia do Orgulho LGBT, o Sindicato promoveu uma edição especial do Sons da Democracia, evento mensal realizado em sua sede.  

Igualdade de oportunidades, de direitos, respeito à vida: Sindicato atuante na luta pelos direitos LGBT e contra o racismo (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Igualdade de oportunidades, de direitos, respeito à vida: Sindicato atuante na luta pelos direitos LGBT e contra o racismo (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

A celebração uniu o Mês do Orgulho LGBT com as tradicionais festas juninas, resultando em uma grande Quermesse, com comidas típicas, decoração temática e apresentações musicais da drag queen Salete Campari e suas convidadas.  

 

Bancário Solidário  

Em 2024, o programa Bancário Solidário mais uma vez demonstrou sua força. Foram arrecadadas e distribuídas 1.579 cestas de alimentos, roupas, produtos de higiene, brinquedos e itens de necessidade básica, beneficiando centenas de famílias na capital, em Osasco e nos 14 municípios que integram a base do Sindicato. A mobilização contou com a participação direta de bancários e bancárias, além de parcerias com movimentos sociais e entidades solidárias. Criado para atender trabalhadores e comunidades em situação de vulnerabilidade, o projeto reafirma o compromisso do movimento sindical com a responsabilidade social e a construção de um mundo mais justo e humano.  

Assim, diante de tragédias como a que atingiu o Rio Grande do Sul no início do ano, o Bancário Solidário se uniu à campanha nacional coordenada pela CUT e demais sindicatos, encaminhando doações e apoio logístico às vítimas da maior catástrofe climática já registrada no estado.  

Trabalhadores da categoria participam do programa Bancário Solidário que leva ajuda para quem mais precisa (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Trabalhadores da categoria participam do programa Bancário Solidário que leva ajuda para quem mais precisa (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Internacional  

Em 2024, o movimento sindical bancário ampliou sua atuação internacional, representando a categoria em espaços estratégicos de articulação global e regional. Isso demonstra o compromisso contínuo com a organização internacional da classe trabalhadora, a defesa dos direitos humanos e trabalhistas, e o enfrentamento às ameaças autoritárias e neoliberais que afetam os trabalhadores em todo o mundo.  

O Sindicato participou ativamente do Fórum Social Mundial e das principais reuniões da UNI Global Union, incluindo os encontros da UNI Finanças Mundial, UNI Américas, UNI Américas Finanças, UNI Mulheres e UNI Jovens.  

Em março, em Buenos Aires, o Comitê Diretivo da UNI Américas reuniu-se para analisar a conjuntura política e econômica da região, marcada pela ascensão da extrema-direita e pela ofensiva contra direitos trabalhistas, como visto na Argentina sob o governo Javier Milei e em experiências semelhantes vividas no Brasil. O Sindicato reforçou a necessidade de resistência e solidariedade internacional.  

Sindicato mantém atuação internacional ao lado de outras entidades com foco na valorização do trabalho e organização sindical do setor financeiro (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Sindicato mantém atuação internacional ao lado de outras entidades com foco na valorização do trabalho e organização sindical do setor financeiro (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Em junho, em Montevidéu, o Comitê Executivo da UNI Américas debateu temas como transição justa, mudanças climáticas, negociação coletiva e migração. O Sindicato participou das discussões com foco na valorização do trabalho e da organização sindical no setor financeiro.  

Em julho, o Sindicato também marcou presença em atividades relacionadas ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, reforçando a importância da luta contra o racismo e o machismo, e homenageando figuras como Tereza de Benguela, símbolo histórico da resistência negra.  

Em outubro, na Praia Grande (SP), a Oficina de Formação da UNI Juventude reuniu jovens dirigentes de todo o país para debater temas como diversidade, saúde mental e justiça social.  

Em dezembro, em La Falda, na Argentina, o Sindicato participou de uma série de conferências da UNI Américas, sob o tema Solidariedade em Ação, Esperança Coletiva. Foram realizados encontros estratégicos das áreas de Finanças, Mulheres, Juventude e a Conferência Geral da UNI Américas, reunindo trabalhadores de todo o continente para debater os desafios do mundo do trabalho e fortalecer a luta sindical internacional.  

 

Sindicato Cidadão  

Foram inúmeras paralisações e atos durante o ano contra as reformas que ameaçavam retirar os direitos dos trabalhadores.  Em 2024, o Sindicato esteve mobilizado na luta de toda a sociedade brasileira pelo fortalecimento da democracia e o desenvolvimento do país, exigindo punição aos responsáveis pela tentativa de golpe contra o governo eleito. Toda essa firme atuação resultou em conquistas concretas e ampliou o debate sobre direitos trabalhistas e justiça social no país.  

A mobilização da categoria e a pressão sindical levaram, por exemplo, à retirada do Projeto de Lei 1043/19, que previa a abertura dos bancos aos sábados, domingos e feriados. A proposta foi retirada da tramitação pelo autor, deputado David Soares (União-SP), após intensos diálogos com representantes sindicais, que apresentaram dados sobre os impactos negativos à saúde mental e física dos bancários, além da intensificação do assédio moral e das metas abusivas.  

(Crédito: Seeb-SP/Cedoc)
(Crédito: Seeb-SP/Cedoc)

O Sindicato também esteve na linha de frente do debate sobre a redução da jornada de trabalho, tema que ganhou força com o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho) e conquistou amplo apoio popular nas redes sociais. A defesa da jornada 4×3 – quatro dias de trabalho e três de descanso – foi uma das principais bandeiras da Campanha Nacional dos Bancários 2024. O Sindicato segue impulsionando esse debate como medida fundamental para melhorar a qualidade de vida da categoria, promover saúde mental e garantir mais tempo para o convívio social e familiar.  

Ao longo de 2024, o Sindicato também reafirmou seu compromisso com a valorização da cultura, da cidadania e da expressão artística como formas de resistência e transformação social. Como já é um marco na história do Sindicato, a arte continua sendo utilizada como ferramenta de denúncia e visibilidade, transformando manifestações em atos criativos e de engajamento.  

A Quadra dos Bancários permaneceu como importante ponto de cultura e promoção da cultura do samba da cidade, resultado da parceria com a Escola de Samba Vai-Vai.  

O Café dos Bancários, na sede do Sindicato, foi palco do projeto Sons da Democracia, que promoveu encontros mensais com muita música, samba, cultura e resistência.  

Iniciativas como o apoio ao projeto Charme Black, que valoriza a cultura negra e o orgulho da identidade racial, e às aulas de FitDance na Regional Paulista, que promovem saúde, integração e qualidade de vida, reforçam o papel do Sindicato como um agente ativo na promoção de cultura, lazer e inclusão social.  

O projeto CineB, parceria do Sindicato com a Brazucah Produções completou 17 anos levando o melhor do cinema nacional às periferias da Grande São Paulo e a universidades, promovendo reflexão, cidadania e transformação social.   

 

O projeto CineB, parceria de sucesso do Sindicato, amplia o acesso ao cinema brasileiro de qualidade (Crédito: Seeb-SP - Cedoc)
O projeto CineB, parceria de sucesso do Sindicato, amplia o acesso ao cinema brasileiro de qualidade (Crédito: Seeb-SP - Cedoc)

A Faculdade 28 de Agosto e o Centro de Formação Profissional do Sindicato consolidaram-se como referência em qualificação voltada para os trabalhadores do setor financeiro. Em 2024 foram oferecidos diversos cursos livres e de extensão, com destaque para as formações voltadas à certificação da Anbima — como CPA-10, CPA-20 e CEA —, ampliando as oportunidades de desenvolvimento profissional da categoria. Com a abertura de dois editais da Caixa Econômica Federal (CEF) para concursos com 4 mil vagas, o Sindicato e a Faculdade ofereceram cursos preparatórios específicos, reforçando o compromisso com a formação e empregabilidade dos bancários e bancárias.  

Além disso, a Faculdade lançou novas turmas do curso Paternidade Responsável e Relações Compartilhadas, com aulas on-line e ao vivo, promovendo o debate sobre novas dinâmicas familiares e relações de cuidado. E diante do sucesso da primeira turma, também foi reaberta a formação “Introdução ao Python”, com excelente avaliação dos alunos. O curso oferece uma porta de entrada ao universo da programação, área em crescente demanda no mercado de trabalho.  

Arte, cultura, esporte, lazer: Sindicato presente para fazer melhor a vida dos bancários todos os dias (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)
Arte, cultura, esporte, lazer: Sindicato presente para fazer melhor a vida dos bancários todos os dias (Crédito: Seeb-SP-Cedoc)

Em 2024, o Sindicato seguiu promovendo atividades esportivas e recreativas que reforçaram o bem-estar, a integração e o senso de pertencimento da categoria. Entre os destaques, o tradicional Campeonato de Xadrez dos Bancários Luiz Gushiken, que celebrou a memória do histórico dirigente sindical; o Campeonato de Kart dos Bancários, que trouxe adrenalina e espírito de equipe às pistas; e o Torneio FIFA de Playstation, sucesso entre os amantes de videogame. Também três torneios de pesca — nas modalidades individuais, em duplas e por trios —, além dos tradicionais torneios de futebol, nas categorias Society e Futsal. Foram realizados, ainda, os animados Torneio de Truco em Trios, o Torneio de Pôquer dos Bancários e outras iniciativas que demonstram a pluralidade de interesses e talentos da categoria. 

construindo o futuro

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